
O representante da Associação Luz Azul, Eder Marcos Silva Lemos, usou o espaço da Tribuna Popular para destacar as ações em prol do autismo dentro das atividades do Agosto Laranja. Segundo ele, a campanha do Agosto Laranja tem a finalidade de nos fazer pensar sobre como a sociedade precisa avançar no entendimento e no atendimento das necessidades muito específicas das pessoas com deficiências.
“A associação Luz Azul quer hoje destacar que o Autismo está entre as deficiências que mais impactam a família, além de afetar diretamente a pessoa com essa condição. Como sabemos, pessoas autistas geralmente necessitam de terapias diversas e dependem de atenção e cuidados especiais devido às questões sensoriais, emocionais e comportamentais, em muitos casos por toda a vida”, citou.
Ele revela que em vista disso, muitas famílias de pessoas autistas enfrentam inúmeras dificuldades. “É bastante comum o isolamento familiar, porque geralmente os parentes costumam se afastar, causando a falta de uma rede de apoio. E também é comum o isolamento social, porque se torna difícil e às vezes até impossível frequentar ambientes públicos”, observou.
Eder Lemos destaca a necessidade de atenção e cuidados permanentes, o que faz com que um dos responsáveis, geralmente a mãe, tenha que se dedicar em tempo integral à pessoa autista e às tarefas domésticas.
“Esse acúmulo de responsabilidades e isolamento, sem tempo para cuidar de si, acaba causando enorme e silencioso desgaste pessoal, levando ao adoecimento físico, emocional e mental, com consequências às vezes trágicas. Com apenas um dos responsáveis, geralmente o pai, assumindo as despesas do lar, a renda familiar fica reduzida”, salientou.
Mais grave
Ele apontou que a situação fica ainda mais grave quando se trata de mães solo, vivendo em condições precárias, em grande vulnerabilidade social, sentindo-se invisíveis aos olhos da sociedade. A sensação de desamparo transforma a vida num fardo pesado demais.
“Os filhos vão crescendo, e o medo e a incerteza quanto ao futuro surgem como fantasmas que passam a assombrar e angustiar. As possibilidades de atenção, cuidado e inclusão social de pessoas autista adultas são quase inexistentes. E aí vem a grande pergunta: quem cuidará dos nossos filhos, quando não estivermos mais aqui?”, questiona.
Ele faz um apelo para que a sociedade e poder público, movidos pela solidariedade que pode nos justificar como cidadãos, unam esforços na construção de políticas públicas que tragam perspectivas de dias melhores para essas famílias tão fragilizadas, ajudando a tornar nossa sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa com a diversidade humana.
“Aproveito para agradecer à secretária Fátima e à subsecretária Dona Núbia pela gentileza e empenho na cedência de um espaço para a Luz Azul, que vai servir de ponto de referência e onde poderemos acolher e reunir as famílias, e também desenvolver outras atividades”, finalizou.