Rio Grande do Sul pode virar referência mundial em terras raras
Formação submarina na costa gaúcha pode tornar o Estado referência estratégica na disputa global por minerais críticos

O Rio Grande do Sul pode ganhar papel de destaque na geopolítica da energia. A Elevação do Rio Grande (ERG), formação submarina localizada a mais de mil quilômetros da costa gaúcha, foi identificada em estudos da USP como área promissora para a exploração de terras raras — minerais fundamentais para turbinas eólicas, baterias, veículos elétricos e equipamentos de alta tecnologia.
Com extensão equivalente ao território da Espanha, a região pode ser incorporada à zona econômica exclusiva do Brasil, caso a Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU aceite o pedido já apresentado pelo país. Se confirmada, a medida dará ao Brasil o direito exclusivo de exploração da área.
“A disputa por terras raras definirá a próxima década, e o Rio Grande do Sul reúne condições de ser um hub estratégico, unindo litoral favorável, histórico de pesquisa geológica e protagonismo industrial”, destaca o especialista em energia Eric Fernando Boeck Daza.
Atualmente, a China concentra mais de 90% do refino mundial desses minerais, enquanto os Estados Unidos buscam fornecedores alternativos. Nesse cenário, o Brasil pode se consolidar como um player confiável, com impacto direto para o desenvolvimento do RS.
Além da oportunidade econômica, especialistas defendem que a mineração em águas profundas deve avançar com rigor ambiental e arcabouço legal robusto, transformando recursos minerais em cadeias de valor locais, geração de empregos e soluções sustentáveis.
Sobre Eric Fernando Boeck Daza: Especialista internacional em energia limpa, transição energética e mudanças climáticas, Eric Daza possui mais de 15 anos de atuação no setor, colaborando com governos de mais de 20 países, organismos internacionais como o BID e agências da ONU, além de liderar projetos estratégicos no setor privado. Atualmente é Senior Advisor da LAC Clean Hydrogen Action Alliance. Sua trajetória inclui a formulação de roadmaps nacionais para energias renováveis, projetos de financiamento climático e articulação de cadeias de valor em hidrogênio verde, sempre com foco em inovação, justiça climática e desenvolvimento regional. Fluente em português, espanhol e inglês, é presença frequente em conferências internacionais, defendendo uma transição energética justa, inclusiva e conectada aos territórios.