
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia na terça-feira, 2 de setembro, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete ex-integrantes de sua gestão, acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O processo é considerado um dos mais emblemáticos da história recente da Corte e pode definir novos rumos para a política nacional.
Entre as acusações, Bolsonaro responde por crimes previstos na Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, aprovada em 2021 durante o próprio governo. As denúncias incluem a tentativa de abolir, de forma violenta, as instituições democráticas, além de atentar contra a soberania do país e o funcionamento regular do processo eleitoral.
Especialistas em direito constitucional avaliam que o julgamento simboliza a consolidação da autonomia das instituições brasileiras frente a ameaças autoritárias. Analistas também destacam que nunca antes um ex-presidente da República havia se tornado réu em um processo dessa natureza, o que amplia a dimensão histórica do caso.
O impacto político também deve ser significativo. No Congresso Nacional, setores da extrema-direita já articulam propostas de anistia, enquanto opositores defendem que o julgamento fortalece a democracia. Atualmente, estima-se que ao menos 20% das cadeiras da Câmara e do Senado estejam ocupadas por parlamentares alinhados a Bolsonaro, o que pode acirrar o embate entre Legislativo e Judiciário.
A repercussão internacional reforça a importância do episódio. A revista britânica The Economist destacou o julgamento em sua capa, classificando-o como um “exemplo democrático” para outros países. Além disso, mais de 500 jornalistas, incluindo 66 correspondentes estrangeiros, se credenciaram para acompanhar de perto as sessões no Supremo.