
Uma reunião especial foi realizada na tarde desta quinta-feira, dia 21, para debater a saúde mental de pessoas com deficiência e seus familiares. A proposta foi da presidente da Câmara, Nicole Weber Covatti, autora da lei do Agosto Laranja, dentro da programação alusiva ao mês da pessoa com deficiência.
A presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, Nicole Weber Covatti, ressaltou que como autora da lei do Agosto Laranja no município, a importância dos debates e da programação ao longo deste mês. “Vejo que se avançou muito e que bom que existe uma série de ações e o Legislativo não poderia ficar de fora destes debates”, disse.
A presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (Compede), Francine Silva, destacou que no governo anterior teve dificuldades para abrir espaços para debate e acolhimento das pessoas com deficiência. “Agora estamos recebendo um apoio muito grande do Poder Público e as entidades estão sendo ouvidas”, disse. Ela ressaltou que é preciso ter política pública para atender a todos os públicos. “E a saúde mental para pessoas com deficiência e seus familiares precisa ser levada em conta. Trazer a pauta este assunto é fundamental para auxiliar as famílias”.
Raquel Viçosa citou que diariamente as pessoas de fibromialgia realizam desabafos relacionados à doença. Segundo ela os próprios encontros entre as pessoas deficientes é “uma terapia”. Em relação à saúde mental, as pessoas têm insônia, estresse, dores e mal estar que levam ao desespero. “Aí vem aquilo que a gente não fala: o isolamento social. As pessoas não querem ouvir se a gente está com dor. Eu não sei se a gente se isola ou se as pessoas que nos isolam”.
Michele Henn Waechter destacou que o Conselho Municipal do Idoso é responsável pela fiscalização das 32 casas geriátricas, com mais de 800 idosos que estão acolhidos. Também recebem muitas denúncias de maus tratos aos idosos. Existe a falta de uma casa de acolhimento à pessoa idosa. “As demandas são muitas, cada vez mais complexas e talvez não vamos dar conta de tudo isso. O que vamos fazer para encarar este cenário que bate à porta?” observou.
A presidente da Comissão do Agosto Laranja e coordenadora do Departamento de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Alinely Lehmen disse que o departamento de inclusão social tem muitas demandas. “As falas que chegam mostram o esgotamento dos familiares. Sâo relatos importantes que hoje o departamento escuta e abraça a família, nem que seja só para ouvir. Este tema da saúde é extremamente importante. Quem cuida de quem cuida?”, questionou.
Samantha Rauber Gallas, enfermeira coordenadora do Caps II, disse que sente o aumento das demandas na área da saúde mental diariamente. Cássia Reckziegel psicóloga, representante da campanha Maio Furta Cor, observou o desafios em relação ao assunto. “Não tem como ter saúde mental se esbarra na falta dos direitos básicos e ver o quanto isso afeta o indivíduo. Durante o Maio Furta Cor estivemos com mães atípicas, relatavam estar felizes com os avanços dos filhos. Mas, e elas? Que precisam abrir mão dos cuidados diários consigo e o quanto impacta isso na saúde mental.
O médico psiquiatra, Vinícius Alves Moraes, disse que 1,3% da população tem algum tipo de deficiência, o que representa em torno de 2 mil pessoas em Santa Cruz do Sul. “Pessoas com doença mental vivem até 17 anos a menos e acarretam outras doenças. As pessoas com deficiência são muito mais suscetíveis à violência”, observou.
Ele ainda destacou que os investimentos são muito baixos em relação ao Estado, em torno de 0,73%. “Muitas pessoas, infelizmente, vão perder sua saúde mental. Vão precisar de tratamento, terapia e ações para amenizar este impacto. Depois da pandemia acreditei que haveria maiores investimentos públicos, mas a gente nota que não houve avanços. Não apenas em recursos financeiros, mas também em estrutura e recursos humanos”.
Ele destacou ainda que é preciso que melhorar a estrutura municipal para atender as pessoas com problemas de saúde mental. “Muitas vezes não é nem questão de salário que atrai os profissionais, mas também de terem respaldo da gestão, bem como uma estrutura enquanto sistema de saúde”, observou.