A presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, Nicole Weber Covatti, encaminhou um ofício à Câmara Federal – Senado e Câmara dos Deputados – em prol dos agricultores gaúchos que estão na luta pela securitização das dívidas.
Segundo ela, como neta de agricultores e que viveu boa parte de sua infância no interior de Cerro Branco, Nicole disse que conhece muito bem a realidade no campo. “É difícil de explicar a questão da securitização das dívidas rurais. Todo mundo tem visto os tratoraços que ocorrem em todos os cantos do Rio Grande do Sul. Santa Cruz do Sul também não vive alheio a isso”, citou.
Covatti destacou que o agricultor vive um medo do futuro por causa da insegurança financeira e emocional. “A gente viu aqui em Santa Cruz do Sul o caso Pronaf, onde inclusive agricultores em dívida, acabaram cometendo o suicídio. Então o que falar de um estado inteiro, no caso do Rio Grande do Sul, com quatro estiagens e uma enchente. Muitos já não vão ter recursos para a safra de inverno, nem no verão de 2026 e isso impacta na economia de todo o Rio Grande do Sul”, relatou.
Os prejuízos estimados com as secas e a enchente superam os R$ 450 bilhões no Estado. Entidades e produtores não conseguem mais crédito e não conseguem mais plantar. “Aí que entra a securitização. Ela é um instrumento que transforma a dívida do produtor em títulos negociáveis. Estes títulos são padronizados e vendidos a investidores. A dívida é fatiada em valores menores e prazos mais longos e condições mais suaves”, explicou Nicole.
Segundo ela o produtor precisa de fôlego para se recuperar. O banco recebe antecipado e o agricultor maior tempo e condições melhores para pagar a sua dívida, além de continuar produzindo com acesso ao crédito.
“Estamos falando de um projeto de lei que pode mudar o jogo, proposto pelo Senador Luís Carlos Heinze, que prevê que até 60 bilhões em dívidas rurais sejam securitizadas. Cada produtor poderia negociar até R$ 5 milhões, prazo de até 20 anos, com carência até três anos e juros reduzidos, chegando a 1% ao ano para pequenos produtores”.
Nicole Weber Covatti explica que a aprovação deste projeto é necessária porque o Governo Federal não está fazendo algo concreto pelos agricultores. “Aqui em Santa Cruz a gente sabe o quão importante a agricultura move a economia, pois 77% da cidade gira em torno da agricultura”, cita.
Ela propõe três ações do Legislativo: um ofício, enquanto presidente, mostrando apoio ao projeto de lei do senador Luís Carlos Heinze. Outro, que os vereadores saibam incentivar ações para levar informação aos agricultores para que eles saibam como utilizar esta solução. E, que se possa buscar parcerias com Sebrae e BNDES para que se possa fortalecer o campo com ações práticas.
“Ninguém quer pegar o trator e trancar a estrada de ninguém. Isso é o tamanho do desespero. Produtor preciso de condições de trabalhar e a securitização é a forma de manter a agricultura em pé”, finalizou.
