
Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas nesta terça-feira (26) revelou que mais de 2 bilhões de pessoas permanecem sem acesso seguro à água potável. O documento, elaborado em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que o ritmo atual de avanço está muito aquém da meta de universalização do fornecimento até 2030.
De acordo com as estimativas, uma em cada quatro pessoas no planeta não teve acesso garantido à água potável no último ano. Além disso, mais de 100 milhões ainda dependem de rios, lagoas e canais para consumo, o que expõe comunidades inteiras a riscos de contaminação e doenças.
As agências da ONU destacam que o atraso na expansão de serviços de abastecimento, saneamento e higiene compromete diretamente a saúde pública. Sem infraestrutura adequada, milhões de pessoas continuam vulneráveis a enfermidades de veiculação hídrica, o que representa também um impacto econômico e social de longo prazo.
O relatório aponta desigualdades marcantes entre as regiões do mundo. Enquanto alguns países conseguiram eliminar o uso de água de superfície para consumo humano, nações da África concentram a maior parte da população sem acesso sequer a serviços básicos de abastecimento. Em muitos desses locais, mulheres e crianças ainda são responsáveis por buscar água em longas distâncias.
Desde 2015, houve avanços em saneamento e higiene, com a redução do número de pessoas que praticam a defecação a céu aberto e o aumento do acesso a banheiros e pias com água e sabão. Ainda assim, a ONU reforça que o progresso é insuficiente e que a desigualdade entre países ricos e pobres continua a crescer.
Para os especialistas, garantir água potável, saneamento e higiene não é apenas uma questão de infraestrutura, mas de direitos humanos fundamentais. O alerta é de que, sem uma aceleração significativa das ações globais, bilhões de pessoas permanecerão privadas de condições básicas de saúde e dignidade.