Montenegro: 70% da produção de aves infectadas seria para exportação
Cidade registrou o primeiro caso da doença em granja comercial no Brasil. Barreiras sanitárias e monitoramento de propriedades rurais foram ativados.

Montenegro, município da Região Metropolitana de Porto Alegre, está no centro das atenções após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial do Brasil. A cidade, que teve uma produção de 1,9 milhão de aves em 2024 — gerando R$ 64 milhões —, destina cerca de 70% desse volume à exportação, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Vlademir Gonzaga.
O surto, causado pelo vírus H5N1, acendeu o sinal de alerta tanto nas autoridades locais quanto em mercados internacionais. Países como China, União Europeia, Argentina, Uruguai, Chile e México anunciaram a suspensão temporária das importações de frango brasileiro, o que pode causar prejuízos significativos à cadeia produtiva.
“É um impacto que a gente ainda não mensurou, mas vai ser bem significativo para a economia do município”, afirmou o secretário. A prefeitura não descarta medidas como paralisações temporárias em granjas e frigoríficos, e estuda formas de apoio aos cerca de dois mil trabalhadores diretamente ou indiretamente envolvidos com a atividade avícola.
17 mil aves mortas e destruição de ovos
Na propriedade onde foi identificado o foco, cerca de 17 mil aves morreram em decorrência da doença. As sobreviventes foram sacrificadas, e todos os ovos fertilizados — que seriam destinados à reprodução em granjas de Minas Gerais, Paraná e no próprio Rio Grande do Sul — estão sendo destruídos como medida de prevenção.
O Ministério da Agricultura e Pecuária informa que todas as ações do plano de contingência estão sendo aplicadas. Embora não haja confirmação de contaminação nos ovos, a decisão de eliminá-los é considerada estratégica para conter a disseminação da doença.
Barreiras e cinturão sanitário
Para evitar a propagação do vírus, a prefeitura de Montenegro, em conjunto com a Secretaria Estadual da Agricultura, montou uma verdadeira operação de guerra. Seis barreiras sanitárias foram instaladas em um cinturão de 10 quilômetros ao redor da granja contaminada, além de uma barreira extra em uma estrada vicinal. Os bloqueios visam desinfectar veículos de maior risco, como os que transportam aves vivas, ração e leite.
Esses veículos passam por lavagens obrigatórias com produtos capazes de eliminar o vírus. O funcionamento das barreiras, inicialmente previsto para sete dias, poderá ser prorrogado conform