Mais de 1,4 mil pacientes aguardam cirurgia na região; grupo de trabalho busca reduzir espera
Mapeamento mostra que no Vale do Rio Pardo e Centro-Serra, ambas regiões de referência dos hospitais da região, mais de 1,4 mil pacientes aguardam por uma cirurgia em traumatologia; grupo de trabalho irá formatar alternativas para redução no número de pacientes

O Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), em parceira com as 8ª e 13ª Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Jacuí (Ci Jacuí), Ministério Público (MP), e municípios do Vale do Rio Pardo e Centro-Serra criaram um grupo de trabalho para fazer frente à fila de espera por cirurgias na área de traumatologia de alta complexidade em ambas as regiões. A intenção é mapear alternativas e apontar soluções conjuntas para o enfrentamento à fila de espera que hoje tem 1.417 pacientes nas duas regiões.
De acordo com o presidente do Cisvale, Gilson Becker, a situação merece uma atenção especial das duas regiões, pois a referência para pacientes vinculados às 8ª CRS – Região Centro-Serra e 13ª CRS – Vale do Rio Pardo, estão junto aos hospitais regionais. “Após o levantamento feito pela equipe do Cisvale, pudemos quantificar que o número de pacientes na espera por estes procedimentos, nas áreas de traumatologia, ortopedia e cirurgia de coluna apresenta um contingente importante, mostrando que uma solução eficaz está na ação regional em cima desta espera”, ressalta o presidente.

O levantamento do volume de pacientes que aguardam por procedimentos de alta complexidade – que são cirurgias mais complexas – muitas com a colocação de próteses nos pacientes foi realizado em 2022, pelo Cisvale. Na época havia um aceno de recursos do governo do Estado, para a coparticipação no custeio dos procedimentos junto aos municípios. “Estes dados foram atualizados agora e mostram um crescimento no quantitativo de 2022 para cá. Na época, foi apurado que a lista de espera continha 1.007 pacientes nas duas regiões. De lá para cá o número aumentou em 410 pacientes, fazendo com que o tema entre na pauta de prioridades da região”, destaca o presidente.
No encontro realizado no Cisvale, ficou acordado entre os entes que integram o grupo de trabalho que, a partir de agora, são necessárias várias ações para quantificar e criar um plano de trabalho para a realização das cirurgias. “Um dos pontos mais importantes está a depuração da fila de espera, assim como os orçamentos para o custeio desta operação, prevendo consultas, exames prévios, procedimentos, próteses e internações. É necessário também que sejam apontadas as fontes de recursos e a participação da União nesta ação”, justifica a diretora executiva do Cisvale, Léa Vargas.
O grupo de trabalho segue também com a missão de encontrar formas de financiamento, tanto por parte dos municípios das duas regiões, quanto na participação com os governos do estado e federal, para o custeio destes procedimentos de alta complexidade, que são, em sua essência, responsabilidade do Estado e da União, no que se refere aos recursos destinados para a pactuação na realização do mutirão para redução da fila de espera no Vale do Rio Pardo e Região Centro-Serra.
Espera que não é razoável com os idosos
Para a 1ª promotora de Justiça Cível do Ministério Público de Santa Cruz do Sul, Catiuce Ribas Barin, a espera por uma cirurgia, independente da classificação de média ou alta complexidade, é incompatível com a manutenção da qualidade de vida, especialmente das pessoas idosas. “O tempo de espera não é razoável, especialmente quando estamos falando dos idosos, em uma situação que se torna ainda mais difícil com a judicialização de cirurgias, demandando ao estado, na maioria das vezes, a responsabilidade sobre estes procedimentos”, pontua.
Conforme a promotora, o envolvimento do Ministério Público no grupo de trabalho para o enfrentamento à fila de espera das cirurgias de alta complexidade nas regiões de saúde da 8ª e 13ª Coordenadorias Regionais de Saúde faz-se necessário para auxiliar no controle e na lisura do processo para a redução delas. “É um acompanhamento que tem por objetivos dar dignidade no atendimento a estes pacientes ao mesmo tempo que emprega transparência nesta questão das filas”, complementa a promotora Catiuce Ribas Barin.